A Foto Perfeita

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Domingão de sol e céu azul, o cenário perfeito para um sorvetinho maroto. Decidi me permitir essa indulgência e fui até a sorveteria mais próxima.

Enquanto esperava pelo meu pedido, senti aquele impulso de checar o celular, mas para meu desanimo, percebi que havia esquecido o aparelho em casa. Foi aí que me dei conta de que poderia saborear meu sorvete sem apelar para nenhuma distração digital, assim como faziam os Maias e os Astecas.

Meu sundae chegou acompanhado da banana split de um casal que estava ao meu lado. Enquanto eu levava a primeira colherada à boca, eu assisti a moça posicionar, cuidadosamente, a bela travessa de sorvete sobre a mesa para que o moço pudesse fotografar. Mas algo não estava bom, a luz não era a ideal, e eles decidiram mudar de lugar. E mudaram de novo, e de novo.

Eu já estava quase terminando meu sorvete, e eles ainda não haviam conseguido o ângulo perfeito para a foto. Nesta altura eu já estava preocupada com a consistência da sobremesa deles. Será que não vai ficar feio aquele sorvete todo capenga na foto, eu pensei, enquanto eles continuavam na árdua missão.

E assim, enquanto eu saboreava a última cereja da minha taça, meus olhos cruzaram com os da moça, que já estava cansada e irritada. Fiquei com pena dela, mas ao mesmo tempo, me senti aliviada por ter aproveitado meu sorvete sem me preocupar com nada além de seu sabor delicioso.

Quando finalmente saí da sorveteria, o casal ainda não havia conseguido a foto perfeita.

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